19.5.15

Artesanato, preconceito e estarrecimento

Meus passos de retorno ao mundo encantado as artes manuais passam pelas redes sociais (como quase tudo nos dias de hoje). Convidada por uma amiga, ingressei em um grupo de moças artesãs no Facebook. Bastaram poucos dias de contato com os posts de inúmeras meninas talentosas e suas criações para a minha porção arteira se encher de coragem e sair do casulo. Cheguei a ensaiar alguns comentários em conversas já iniciadas e inclui minha "fanpage" no inventário do grupo. Mas, quando eu finalmente preparava um primeiro post com uma de minhas criações, veio a publicação estranha.

Há alguns dias uma das participantes já havia me franzido a testa ao perguntar a opinião de todas sobre o fato de uma menina branca vender turbantes. A questão por si só já me pareceu absurda, passei batida. Porém hoje cedo me deparei com a postagem de uma das moderadoras do grupo decidindo que era proibido meninas brancas anunciarem e venderem turbantes na página. Por um momento achei que era uma piada e reli em busca do tom certo, mas infelizmente não encontrei a ironia em nenhuma das palavras da pobre menina.

Cliquei no botão que dizia "sair do grupo", mas não foi o bastante para aplacar meu estarrecimento com tal pensamento. O que tem de tão especial numa mão negra para produzir um simples turbante? E porque uma mão branca não pode fazê-lo? Turbantes não são exclusividades dos negros africanos, outros povos e raças também usam e outras mãos também os criam, produzem, amarram. Racismo no artesanato é demais para mim.

Sou 100% mestiça e assim me aproprio de técnicas artesanais de diferentes origens e etnias, mestiçamente criativa.


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