27.5.13

Mala - A transformação

Malas são aquele tipo de coisa que dá o maior dó gastar dinheiro com elas. Enquanto estamos numa boa nos saguões dos aeroportos, salas de embarque e na aeronave, as coitadas estão comendo o pão que o diabo amassou com o rabo. Não é difícil ver as avarias logo quando elas apontam na esteira do desembarque. Eu sou do tipo que se apega aos bens materiais (Siddhartha ainda está trabalhando na minha evolução) e por isso sofro quando vejo o estado da minha querida malinha no fim de uma viagem de avião. E é por isso que eu sempre acabo gastando uma grana extra antes de embarcar. Não abro mais mão de embalar minhas malas a vácuo naquelas empresas que plastificam as bagagens.
Segundo a minha filosofia, tudo, absolutamente tudo, tem um lado bom. E o lado bom do meu apego (onde eu ganho pontos com o além) é que eu prefiro restaurar algo do que jogá-lo fora e comprar um novo. E assim chegamos a historinha de hoje: A transformação da mala querida.

Nossa personagem, ainda sujinha, e Prince, o cão curioso;-)


Não tenho certeza, mas acho que a peça em questão tem a mesma idade que eu, ou poucos anos a menos. Ela pertence ao meu querido Tio João e veio parar na minha casa depois que meu irmão a usou em uma viagem há anos! Família grande tem dessas coisas, é mais fácil "guardar lá em casa" do que simplesmente devolver;-) A verdade é que a pobrezinha ficou encostada pelos cantos da minha casa anos a fio sem que ninguém se desse conta, apenas reclamavam que estava ocupando espaço. E como eu sou uma pessoa que viaja e não tem um jogo de malas decente (a última euro trip foi com a mala da Hello Kitty da sobrinha) e ainda tem esse amor por coisas dos séculos retrasados, resolvi adotar a mala esquecida.

Hora do banho! Água, sabão e uma esponja.

Escolhi o tecido pensando nas cores e detalhes que poderiam ser mudados. Primeiro pensei em usar um acquablock, mas optei pelo 100% algodão para garantir uma melhor aderência da cola. Como a mala é antiga, mas nem tanto, não é feita de couro ou madeira como nos séculos bem retrasados. É um modelo de lona grossa com detalhes em couro, armação de ferro e plástico duro.


Munida de 1m de tecido 100% algodão, cola branca (rótulo azul), goma laca, tesoura, estilete, chave de fenda e alicate eu fui à luta. Ainda no início do trabalho furei dois dedos, remoção das partes metálicas não foi lá muito simples. Mas nada que um pouco de força e jeito não resolvessem. E, com ela já limpinha sem as alças e rodinhas, comecei a forração cortando e separando o tecido em partes. Frente e costas primeiro, partes laterais e por último o fundo. Procure medir a mala ao redor para ter certeza da metragem mínima do tecido. Caso precise de emendas, deixe-as na parte de baixo da mala, assim o acabamento fica mais bonito.

Retirei todas as partes metálicas para facilitar a forração.

Com o tecido já cortado é botar a mão no pincel e abusar da cola branca. Com áreas grandes o ideal é ir aos poucos. Faça pequenas áreas e vá esticando o tecido. Deixei uma sobra de meio centímetro nas bordas para garantir um bom acabamento.

Força no pincel!

A fivela central não podia ser removida, já que a mala é toda costurada. O jeito é recortar o tecido para forrar toda a volta. Como a costura tem uma margem fica fácil empurrar o tecido por baixo da costura e deixar o acabamento perfeito. 

Em busca do acabamento perfeito!
Aliás, por toda a mala as margens da costuram são aproveitadas para fazer o acabamento do tecido colado. Até mesmo rente ao zíper.

A aba que sobra na costura do zíper ajuda no acabamento do tecido.
Para o dedo furado, curativo;-)

As partes metálicas que seguram as alças estavam enferrujadas. Tentei encontrar peças novas para substituir, mas, por se tratar de um produto um tanto quando antigo, não foi possível. Na verdade foi divertido ver a cara de surpresa dos balconistas das lojas de peças e assessórios para malas e afins ao ver as minhas peças originais. Um deles, um senhor, ficou até emocionado: "Não vejo um desses desde que abri minha loja". Sensacional!;-D
O jeito foi lixar para retirar a ferrugem e pintar com tinta para metal. Queria rodinhas novas, mas também não foi possível encontra-las. Mais fácil de resolver foi a alça lateral. Levei no sapateiro e por R$10,00 (achei caro, mas como único sapateiro do bairro ele abusa mesmo) ele trocou os rebites. As argolas eu consegui comprar novas e escolhi dourado para dar um toque de primeira classe:-)

Sem similares no mercado o jeito é lixar para eliminar a ferrugem.
Depois de um dia de secagem da cola, cobri com goma laca para garantir a impermeabilização do tecido e facilitar a limpeza. Mais dois dias de secagem e chegou a hora de recolocar as peças de metal. No total uma semana de trabalho e R$45,00 para ter uma mala exclusiva e com ares vintages que vai causar nas esteiras dos aeroportos ao redor do mundo!


Ai, como eu fiquei linda!!
Argolas douradas na alça também.
Rebites e argolas novas no puxador.



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